Água, rato, botão, seringa, morte, ralo. O que quer que te cause medo, sempre vai ter alguém mais amedrontado que você. A fobia - pavor e descontrole humanos - é a matéria-prima para o exercício da meta-ficção, do documentário fake que é "Filmefobia", dirigido por Kiko Goifman.
Já escrevi sobre um filme dele antes: "33" olha pra si enquanto "Filmofobia" olhar pro outro sem piedade; realiza-se porque existe a transgressão; reflete sobre os limites (im)possíveis estabelecidos de forma arbitrária - real ou ficção? dor ou prazer? O que os separa?
Jean-Claude Bernardet é o diretor-ator que leva à 'câmara de torturas' sujeitos dispostos a enfrentar o medo que, de tão aterrador, mal consegue se exprimir tantas vezes. Ele é agente do terror e reage a sua prôpria experiência/experimento. Nós é que estamos no lugar mais confortável e, certamente, temos muito mais de sadismo do que o 'doutor crueldade' de Bernardet.
Afinal, ele tem uma certeza: "a única verdade está no fóbico diante de sua fobia". E quantas verdades temos nós, além do medo de ter medo, de estar fora de controle, de não escapar de nós mesmos? Entre o que parece e o que é, apenas alguns passos distam.
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