quinta-feira, abril 15

{crônica-mente} Impressões imprecisas



Há tempos não deixo {ou pouco permito deixar} impressões precisas sobre o papel branco da tela.

'Preciso' aqui segue o sentido segundo do “Navegar é preciso” de Pessoa, impregnado de Camões. O primeiro deles sempre foi pra mim a Necessidade maior que a Precisão...

algo agora se projeta no ar como uma aeronave ao decolar/deslocar/descolar-se do chão.

Precisamente, estou indo em direção a Outro Lugar. É Noite alta e nada se vê lá fora, enquanto o comandante - cabine e alto-falante - diz que lá em baixo está A Cidade, logo mais, A Outra Cidade....Olhos cegos, apenas os nomes lampejam.

Estou perto de umas das turbinas e o barulho é grande. Meio surdo, meio letárgico entre tantas idas e vindas que a vida tem proposto nos últimos tempos. Mas, afinal, por que decidi escrever isso? Qual a 'precisão'almejada?

Sempre mais fácil escapulir por entre as idéias e os sentimentos do que deixá-los vir à tona, sair do devir e tornarem-se, serem! As palavras, muito tentadas e motivadas, raramente alcançam os sentidos orgânicos, mas filtram-os artificialmente e os fazem parecer aquilo que queremos – para nós e para os outros.

Pois é esse paraíso cultural da palavra quase-precisa que carece de sentido (não sentimento) clarificador (mas por quê não sentimento, ora?!). Tento desvendar o que está por baixo da roupa aparentemente comum e medida do que digo.

A bateria do notebook vai acabar antes de dar um rumo 'objetivo' ao que digo (jamais eu-objetivo, mas as palavras buscam isso...). Estou mais confuso agora do que antes porque a escrita tem disso: quando não esclarece, confunde mais. A névoa do verbo é um sonho cobrindo os pensamentos. Preciso mesmo é dormir.


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