quarta-feira, novembro 10

{educação} Na bagagem para o #forum2010

Impressiona a programação 2010 do Fórum da Cultura Digital Brasileira. Em sua 2ª edição, procura articular um vasto e sempre incompleto tempo-espaço da cultura sob o impacto tecnológico cotidiano. 



Cultura e tecnologia são pois 'beta ad infinitum' e um encontro presencial ainda é uma forma coerente para abordar e articular áreas em 'estado líquido': o 'cara a cara' próprio da oralidade não perdeu seu lugar e, dizem, estaríamos mesmo retornando a ela após longos parênteses!


Além dos “mensageiros de reputação”, tomando outra ideia de Thomas Pettitt e seu grupo, um amplo espectro de atores que fia a relação cultura&digital cotidianamente no país, dará forma e conteúdo ao #forum2010 com suas “experiências, ações, redes, projetos de cultura digital espalhadas pelo país”.

Desde já, algumas ideias persistentes, resultado de experiências atuais, alinhavam-se e vou pondo já no fundo da mochila para levar a São Paulo. Até e durante o #forum2010, publicarei posts com o intuito de desdobrar algumas reflexões.

Educação: cultura digital não é informática!


A formação para uma Cultura Digital (expressão essa onde “cabe todo um mundo” teórico e prático) deve começar no ensino básico, como parte integrante do currículo escolar até o ensino médio, estando muito além da atual compreensão da “informática na escola” - denominação que, resguardando o filtro de uma época, hoje acaba por restringir o aspecto cultural da vida humana mediada pelo digital.

No espaço universitário, mesmo com mais avanços, ainda são poucas as universidades que assumem a tarefa de introduzir uma disciplina Cultura Digital em seus cursos regulares, tendo em vista a velocidade das transformações tecnológicas versus o modelo burocrático que predomina em instituições do setor.



Atualmente, enfrento este desafio numa faculdade aqui em Brasília, com jovens estudantes de primeiro e segundo períodos do curso Cinema e Mídias Digitais. A disciplina Cultura Digital e Interatividade está no currículo pela primeira vez e existe, pois, espaço para propor, experimentar.

O que seria importante ressaltar junto aos estudantes durante um semestre? Como organizar 'rastros teóricos', pesquisa para seminários, a prática do laboratório e abrir portas para um acesso, que se quer ilimitado, à cibercultura?

Muito importante, especialmente pensando na escola pública, é o conhecimento e apropriação das ferramentas de pesquisa, ensino e extensão já desenvolvidas e em andamento – que passam por redes sociais com fins educacionais, plataformas voltadas ao ensino à distância (EAD) e amplos acervos de instituições que, cruzados, formam complexos aglomerados de conhecimento a se acessar.

Dentre tudo que paira, tento ao menos deixar claro para os alunos que o aprendizado é um prisma e, para onde olharem, serão capazes de ser capturados por uma centelha do saber que se quer chama... 

E que a batalha contra as tentativas e (vitórias) de apropriação indébita do conhecimento coletivo não pode parar - precisamos reconhecer o valor do ciberativismo - assim como a sanha das autoridades pelo controle das redes digitais e criminalização de suas práticas que desterritorializam e põem em cheque o status quo e sua arquitetura.

Afinal, só quem nunca foi livre é que pouco deseja a liberdade. E mesmo quem não a conhece, merece sentir o cheiro bom que ela exala.

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