segunda-feira, agosto 28

um [falso] haikai ao dia...

manhã após
noite veloz
intermedio fluxos.

Estréia local: “O mundo de Yan”

Assacine>> filmes inéditos em João Pessoa
Tintin Cineclube>> 30.8.06, quarta>> 20h30
Cine-Teatro Lima Penante
O mundo de Yan, de Niu Batista [João Pessoa/PB, 20min, Fic., 2006] A história de um jovem que vive interno numa Casa de Saúde por apresentar distúrbios mentais. Yan (Joht Cavalcante), contudo, consegue mergulhar num universo encantado.

>>Debate com o diretor e equipe após a sessão >>Discotecagem e bar em pleno funcionamento até 1h.

terça-feira, agosto 22

'Dizem que sou louco...'

Amanhã 23, 19h30: Mostra Glauber: Cine-teatro Lima Penante: Grátis >>> apresentação | Astier Basilio

O pátio [BR, 11min, fic, 1959] Num terraço de azulejos em forma de xadrez, um rapaz e uma moça. Esses dois personagens evoluem lentamente: se tocam, rolam no chão, se distanciam, se olham... Primeiro filme de Glauber Rocha.
Maranhão 66 [BR, 11min, doc, 1966] Documentário que registra a posse de José Sarney como governador do Maranhão. Foi financiado pelo próprio evento que marcou o início do domínio político da família Sarney no Estado, que perdura até hoje.
A Degola Fatal, Ricardo Favilla e Colvia Molinari [BR, 13 min, doc, 2004] Construído a partir de imagens feitas originalmente em super-8, no dia 22 de agosto de 1981, no funeral de Glauber Rocha. Imagens em fragmento, recortes, lágrimas, desespero, discursos, silêncios.
+ curta-bônus

um [falso] haikai ao dia...

o vento lá fora: ar
objetos respondem
natureza em comum.

quarta-feira, agosto 16

Kiko Goifman ou a imagem que se reflete no espelho

O mineiro Kiko poderia ter outro nome se não tivesse sido adotado antes de conhecer sua genitora. Mas isso nos impediria de assistir a 33 [74 min., 2004], seu 'bio-documentário' voltado a clarear uma imagem de si mesmo desconhecida – o devir – apresentado na sessão de hoje do Tintin Cineclube. Marcado por uma estética do ‘filme negro’ [preto e branco em alto contraste, detetives e muitos cigarros], o realizador olha todo o tempo para o que faz, nesse sentido metalingüístico até a medula, enquanto vasculha a memória de sua família atrás de pistas ou apenas de desculpas para continuar filmando.
O longa dialoga todo o tempo com o público, arrancando inclusive risadas com as técnicas detetivescas nada sutis, enquanto olha com olhos esbugalhados para a cidade imensa; lugar de todos e ninguém: estamos dentro e fora todo o tempo. O resultado é o meio, ou seja, o filme vale pela experimentação e ousadia narrativas, voltadas à ruptura do documentário investigativo em prol da arte de contar. Para isso, basta um motivo.

Camareira, a primeira ficção de ZB

Da idéia até a filmagem foram apenas três horas. Nascido dentro de um quarto de hotel em Santa Maria, RS, durante a 26ª Jornada Nacional de Cineclubes Brasileiros (julho de 2006), o curta-metragem digital Camareira (Zonda Bez, 5 min., 2006) reúne em uma mesma ‘micro-produção’, equipe de pelo menos três estados brasileiros e diferentes, porém confluentes, perspectivas para uma idéia se materializar em imagem e movimento, apenas com uma câmera fotográfica digital – reafirmando que a máxima glauberiana continua mais atual do que nunca em tempos pra lá de binários.
Afinal, o que uma camareira, em um dia de trabalho como outro qualquer, pode encontrar em um dos inúmeros quartos que arruma diariamente? Vivendo com olhos ‘cegos’ e ouvidos ‘surdos’ para o que acontece em um (quase sempre) indiscreto ambiente ocupado temporariamente; como uma moça dedicada ao trabalho pode desvelar traços de sua identidade, abafada pelas regras de conduta e sempre vigiada por olhos eletrônicos, quando tem a chance? São perguntas que surgiram, e ainda surgem, da concepção (ao lado de Bruno Cabús) à finalização (ao lado de Marcelo Coutinho) do curta para uma atriz só: Fabíola Trinca.
Camareira propõe uma trama organizada por um narrador irônico que tudo sabe e vê; sempre espreitando e ‘dialogando sem diálogos’ com a imagem e os sons – ruídos, vozes da mente e da TV – propõe o movimento constante para personagem e espectador. O vídeo estréia em João Pessoa no Tintin Cineclube [Cine-Teatro Lima Penante] dia 6 de setembro, às 19h30. Entrada franca.

Literatura no cinema: novo livro de JB

"O sexto livro do crítico João Batista de Brito, aborda o problema da adaptação cinematográfica, formulando a pergunta: o que realmente acontece quando um texto literário, romance, conto ou peça, ganha expressão fílmica? De modo objetivo e didático, o livro discute e expõe as operações que viabilizam essa difícil e pouco conhecida transformação semiótica. Literatura no Cinema será lançamento amanhã, às 20h, no Parahyba Café. Além de capítulos teóricos sobre o problema da adaptação cinematográfica, Literatura no Cinema contém análises de filmes que se basearam em grandes obras literárias, nacionais e internacionais. Ao lado da seção de teoria, a seção de análises práticas está dividida em três tópicos: (1) Shakespearianos, (2) Brasileiros e (3) Outros. Entre os filmes brasileiros discutidos estão clássicos como Vidas Secas, e realizações recentes, como Abril Despedaçado. Já a relação dos Outros inclui um leque amplo de obras literárias que ganharam forma fílmica, que vai da Odisseía de Homero a James Joyce ".



Zuzu Angel: um filme necessário

...Mas, o que é mesmo preciso para se ter um filme capaz de associar arte e entretenimento? Muito mais do que supõe o cinema brasileiro com olhos postos no Oscar. Não que Zuzu Angel [Sérgio Resende, 2006] possa ter pretensões artísticas além de exibir as criações da estilista Zuleica Angel, portando-se de todo como um filme libelo-pacifista ao refletir a ditadura militar do Brasil pelo recorte do sujeito, não de um grupo. Desde a década passada, produções que retratam o submundo do “Pra Frente Brasil” do militarismo chegam às telas, sendo o próprio Rezende responsável por uma dessas produções: Lamarca [1994]. Pois é sob a égide desse anti-héroi revolucionário que encontramos o jovem Stuart Angel Jones [Daniel de Oliveira] assaltando bancos e fazendo passeatas nas ruas cariocas, até a sua captura pelos “homens de preto” do regime. Aí começa a busca de Zuzu [Patrícia Pilar na imagem], escarafunchando as entranhas do poder militar e judiciário brasileiro, para saber onde fora parar seu filho. É isso o filme: um grito de amor maternal. Centrando na reluzente e talentosa estrela Global que é Pilar, acompanhamos a trajetória da protagonista em flashback, sempre entrecortada por quadros vários nos quais tenta-se explicar a relação dela com Stuart. O filme é marcado por momentos de alta carga (melo)dramática e se desenvolve sem atropelos - a música, entre Chico Buarque e Pedro Luís, ajuda a criar alguns climas sensíveis - contando uma boa história, mesmo que resumida aos seus “melhores momentos”. As tentativas de filmes históricos no Brasil, com suas reconstituições de época por demais cuidadosas, causam sempre um desconforto pelos excessos. Bons atores, como Daniel Oliveira e Leandra Leal, estão aquém de atuações anteriores, enquanto outros apenas reproduzem maniqueísmos característicos dos “filmes de repressão”. Se é assim, por que considerar Zuzu Angel necessário, como o título desse texto sugere? Nenhuma cinematografia mundial é feita apenas de filmes de arte, mesmo as mais vanguardistas. Filmes de alto orçamento, mas de resultados estéticos medianos porque comprometidos com o capital, são produzidos em todo lugar e o "mal necessário" dialoga com o público sem maneirismos, utilizando-se da linguagem televisiva já tão bem assimilada.... Mas vale salientar, que Zuzu Angel seja exemplo, que não há paciência pra sair sempre de casa para assistir televisão no escurinho do cinema.

terça-feira, agosto 15

um [falso] haikai ao dia...

O silêncio dos dias
Palavras bóiam no mar
Pausa mira o horizonte.

noir à brasileira

Um road movie entre fumaça, parteiras, cartomantes, porteiros, médicos e detetives. Um documentário com aspectos de filme noir, onde o diretor torna-se personagem de sua própria obra quando decide encontrar a sua mãe biológica. Essa é a proposta de 33 (SP, 74 min, doc, 2004) de Kiko Goifman, filme que será exibido nesta quarta-feira, dia 16, as 19h30, no Tintin Cineclube: Cine-Teatro Lima Penante, Av. João Machado, 67 - Centro de João Pessoa.

segunda-feira, agosto 7

09/08>> quarta>> 19h30>> Cine-Teatro Lima Penante

SELECTA por Bruno Góes>> Entrada franca

Mostra Eduardo Valente

Um sol alaranjado, de Eduardo Valente (18 min, 2001, RJ)

Castanho, de Eduardo Valente (13 min, 2002, RJ)

O Monstro, de Eduardo Valente (13 min, 2005, RJ)

>>> Videoclipes dirigidos por Eduardo Valente

Condicional, música de Rodrigo Amarante (Los Hermanos)

Morena, música de Marcelo Camelo (Los Hermanos)

Bônus>> filmes de seu assistente e cineasta Felipe Bragança.

O nome dele (O clóvis), de Felipe Bragança (15 min,2004)

Jonas e a Baleia, de Felipe Bragança (20 min, 2006)

sexta-feira, agosto 4

Os belos do finde...


Marilyn Monroe [1926:1962]*
James Dean [1931:1955]

* era um cinco de agosto daquele ano...

Rumo à terceira margem do vazio

Se o zero não é vazio, nada é, nem o próprio vaso de barro – moldado para dentro dele se dar forma ao vazio aparente... Reflexões surgem do documentário paulista de Andrea Menezes e Marcelo Massagão, O zero não é vazio, exibido esta semana no Tintin Cineclube e, sem dúvida, um dos mais interessantes da série DocTV, exibidos na sessão retrô da primeira quarta do mês. Alinhavando histórias de ‘personagens reais’ que vivem entre um real imaginado e uma aparente realidade, vamos acessando a relação dessas pessoas com a escrita – nem sempre entendida pelas palavras – e como ela se torna indispensável na sustentação das personalidades, o próprio sentido da vida à margem do sistema opressor. Poetas e cronistas da rua, ou ensimesmados em suas trajetórias pessoais, entregam-se aos grafismos e neologismos da linguagem verbal; agradam e chocam os comuns tentando arrebentar a barreira que ainda mantém a escrita ao lado dos detentores de uma erudição massificada. Sendo transeuntes quaisquer na vida rotineira de todo e nenhum lugar, tornam-se quase ficção e rompem as costuras do modelo mais tradicional de documentar a realidade – ainda bastante utilizado no projeto DocTV. O estilo de Massagão, autor do indispensável Nós que aqui estamos por vós esperamos, está impresso na transição não-linear entre as histórias; a marcação proposta pela música de José Miguel Wisnik; uma perspectiva de quem está ao centro, pois tem o controle da narrativa, mas abre-se à terceira margem, dando palavra, voz e humanidade a quem está sempre lá do outro lado, mas ninguém vê.

quarta-feira, agosto 2

a escrita dos escribas

Tintin Cineclube>> 02.8.06, quarta>> 19h30
Cine-Teatro Lima Penante>>
Av. João Machado, 67>> Centro
DOCTV RETRÔ
O Zero não é Vazio, de Andréa Menezes e Marcelo Masagão [São Paulo, 55 min, doc, 2005] O filme aborda o lugar que a escrita tem para aquele que escreve. Através de visitas aos locais onde se realiza a escrita, os diretores entraram em contato com o que estava guardado em armários e gavetas, como a escrita de Gregório ou de Arturo. Ou ainda, com aquilo que estava exposto no espaço público como a escrita de Márcia, colada em postes de iluminação e árvores nas calçadas do bairro de Higienópolis ou a escrita do Condicionado, pequenas ofertas aos passantes que circulam pela Avenida onde mora.