Na conferência de abertura do III Seminário Internacional de Direitos Humanos, dia 4 aqui em João Pessoa, a grande ‘vedeta’ – usemos pois a expressão portuguesa – foi mesmo o professor Boaventura de Sousa Santos, figura distinta nas discussões sobre os caminhos da globalização e exímio analista das questões pós-coloniais nos países ao Sul do Welfare State. Sob o tema “os direitos humanos na zona de contato entre três globalizações”, o autor português propôs uma “renovação radical” no atual quadro de distanciamento entre a teoria e a prática nos direitos humanos e, por reverberação, na academia. “Vivemos um mundo de perguntas fortes e respostas fracas”, diz, salientando a discrepância entre os princípios e as práticas em relação aos diretos humanos, à lei, ao Estado.
Segundo ele, o modelo hegemônico das estruturas mundiais de hoje conduz a um “consenso forçado” por parte de uma sociedade em franco processo de instrumentalização, deixando o cidadão em estado de resignação, sem alternativas frente à globalização e seus modelos opressores. Na “zona de contato” intercultural de um multiculturalismo inescapável, misturam-se capitalismo neoliberal, movimentos anti-hegemônicos e uma “teologia política” que sustenta à emergência do fundamentalismo religioso, não apenas do Outro, mas também do Mesmo. Essa “teologia política” apresentaria a figura de um Deus “totalmente fiel”, projetando os sujeitos para além dos problemas histórico-sociais do presente. Mesmo se apoiando em um aparente “anti-materialismo”, o que a distanciaria do modelo neoliberal, essa vertente da globalização apostaria em um modelo único de pensar, não propondo um salto em relação as ideologias hegemônicas – o que acaba por afastá-la da vertente globalizante anti-hegemônica, guiada pelos movimentos sociais. Esse caminho, na verdade, substitui a “conversação pela conversão”; questionando relações entre sagrado e profano; imanência e permanência; público e privado, ambivalências essas que, pela instabilidade, venham a garantir mais força ao projeto político empreendido.
Santos põe em cheque o que é hoje internacionalmente aceite como direitos humanos, pois muitas violações consideradas graves, que causam sofrimento humano, não estão contempladas sob a perspectiva desses mesmos direitos. O que acaba por transformar a ‘bandeira’ (a força de uma idéia) em ‘máscara’ (idéia que se esconde sob a força): o verbo afugenta a visão da realidade; o conceito é proporcionalmente funcional ao interesse de quem o manipula. Com tantas fragilidades latentes nos modelos em pleno desequilíbrio, Boaventura Santos acredita que a democracia ainda é um ideal e toma Rousseau como exemplo: a democracia só acontecerá quando ninguém for tão rico que queira comprar o outro, nem ninguém tão pobre que precise se vender. Serve-nos bem o modelo...
Segundo ele, o modelo hegemônico das estruturas mundiais de hoje conduz a um “consenso forçado” por parte de uma sociedade em franco processo de instrumentalização, deixando o cidadão em estado de resignação, sem alternativas frente à globalização e seus modelos opressores. Na “zona de contato” intercultural de um multiculturalismo inescapável, misturam-se capitalismo neoliberal, movimentos anti-hegemônicos e uma “teologia política” que sustenta à emergência do fundamentalismo religioso, não apenas do Outro, mas também do Mesmo. Essa “teologia política” apresentaria a figura de um Deus “totalmente fiel”, projetando os sujeitos para além dos problemas histórico-sociais do presente. Mesmo se apoiando em um aparente “anti-materialismo”, o que a distanciaria do modelo neoliberal, essa vertente da globalização apostaria em um modelo único de pensar, não propondo um salto em relação as ideologias hegemônicas – o que acaba por afastá-la da vertente globalizante anti-hegemônica, guiada pelos movimentos sociais. Esse caminho, na verdade, substitui a “conversação pela conversão”; questionando relações entre sagrado e profano; imanência e permanência; público e privado, ambivalências essas que, pela instabilidade, venham a garantir mais força ao projeto político empreendido.
Santos põe em cheque o que é hoje internacionalmente aceite como direitos humanos, pois muitas violações consideradas graves, que causam sofrimento humano, não estão contempladas sob a perspectiva desses mesmos direitos. O que acaba por transformar a ‘bandeira’ (a força de uma idéia) em ‘máscara’ (idéia que se esconde sob a força): o verbo afugenta a visão da realidade; o conceito é proporcionalmente funcional ao interesse de quem o manipula. Com tantas fragilidades latentes nos modelos em pleno desequilíbrio, Boaventura Santos acredita que a democracia ainda é um ideal e toma Rousseau como exemplo: a democracia só acontecerá quando ninguém for tão rico que queira comprar o outro, nem ninguém tão pobre que precise se vender. Serve-nos bem o modelo...
Um comentário:
Dias corridos esses, mas enfim o contato: lidyanemfs@hotmail.com
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