quarta-feira, setembro 6

Jaguaribe Carne (nova no pedaço)

Experimentando os limites da música há 32 anos, o grupo guiado por Pedro Osmar e Paulo Ró alcança novo timbre com a entrada de Zé Guilherme [quem há de esquecer ‘o profeta’ da Cabruêra] e a saída ‘material’ de Ró do grupo. Digo isso porque no concerto de despedida e boas-vindas nesta semana no Teatro Santa Roza, a promessa foi que mesmo na Alemanha, o ‘irmão da carne’ possa virtualmente se fazer presente nas apresentações do grupo através da via digital que nos conduz cotidianamente.
Assistindo o acústico de sonoridades universais porque locais [Se queres ser universal, idolatra tua aldeia, Leon Tolstoi], renovado pelo presente que se sente e vê e não apenas que se idealiza nas imagens e palavras de nossa cultura, a pretensão tecnológica não parece grande demais para eles. Da percussão envolta pelo violão quase extensão do corpo a cantiga da velha que já não fia; do fio de cordas de um jovem violinista as notas expostas de um piano de cauda; da voz que valoriza dona Maria que mora na calçada paulistana e se apavora diante de vampiresco ladrão de casaca, Jaguaribe Carne expõe a máxima do passado sempre presente: ondas sobre ondas no mar sem começo nem fim.
Ecoa nos corpos a sonoridade dos humanos; a Carne continua seguindo a estrada que conduz à superação. A arte é criação e recriação, insurgente da matéria [cada vez mais] bruta da vida porque é ela assim mesma: vamos comê-la, bebê-la e cagá-la.

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