quinta-feira, julho 20

Degas no Masp: universo em (re) integração

O movimento impressionista é um marco por ter trazido ao primeiro plano da arte o cotidiano do trabalho, das paisagens e do lazer das cidades francesas no fim do século 19. Edgar Degas é um desses artistas que soube olhar para microcosmos urbanos e construir uma trajetória ímpar através deles, fazendo uso das experiências de artistas do passado e daqueles que estavam ao seu lado – todos de olho na fragmentação das sociedades industriais – para revelar que o detalhe é parte indispensável do todo; que o “...tudo se copia” é apenas chavão para os criadores que não sabem assimilar influências de forma criativa.
A mostra Degas, o universo de um artista [em cartaz no Masp] é um retrospecto revelador das facetas de um pintor, escultor, desenhista, fotógrafo e colecionador, incorporado de forma indelével ao tempo em que vivera.
Das pinturas cujas bases estão no neo-classicismo até as esculturas em bronze de bailarinas exercitando-se [difícil esquecer das experiências fotográficas de Muybridge], circulamos entre corridas de cavalos, engomadeiras e alguns retratos; experiências fotografias quando o cinema já emergira no centro de Paris [1895] e a influência de Degas sobre os artistas do século 20 – como a série de desenhos eróticos ‘sonhados’ por Picasso. A jovem bailarina de 14 anos [foto], esculpida em suas formas simples e naturais, muito sintetiza do interesse do artista pelo humano e seus modos de estar nesse mundo cotidiano, onde nos alienamos mais e mais a cada dia, mas sentimos, contudo, a vida saltar quando a arte a nós se apresenta. Conhecer Degas é saber das fissuras do tempo.

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